O
último dia de um poeta – Machado de Assis
[A
cena inicia-se com um personagem sentando-se na grama, com o rosto virado para
o céu e apreciando a paisagem.] ////Fade out////
[O
personagem 1 abre a janela]
Personagem1:
- São
nove horas da manhã.
- Entra-me
o sol vivo e ardente pelas frestas das venezianas. Parece que me convida a
deixar o leito, e como que a reviver. Reviver! é esta a palavra: reviver quando
estou certo de que poucos dias ou apenas horas me separam da sepultura. Não
parece um escárnio da morte? Não parece que para melhor sentir o que vou
perder, deixando a vida, quer a morte que eu toque pela última vez os tesouros
da felicidade que me ficam na terra?
[Anda de bicicleta por uma parte da cidade]
- Melhor
fora, decerto, para minha perfeita contrição, que a natureza me surgisse nos
últimos dias com o seu aspecto mais sombrio e aflitivo. Então cuidaria, ao sair
do mundo, que deixava um pesadelo e uma angústia, e que ia respirar os ares
puros de uma vida sem igual.
[Percebe que está delirando, debruçado na janela.
Cai na realidade.]
- Depois...
[Fecha-se a janela do quarto novamente]
Personagem2:
[Se
junta na grama ao personagem 1, também observando a paisagem]
[Este
personagem está em seu jardim, onde aprecia de perto a natureza e é tomado
pelas memórias de seu passado. Caminha pelo jardim, percebendo cada planta,
cada canto de pássaro, cada cheiro...]
- A
verdura, a água, a árvore, a flor, tudo me lembra a dita do tempo em que sem
cuidados nem remorsos eu só cuidava em ser feliz e amar os meus.
- Aonde foi agora esse tempo? Passou como
passaram as folhas de todos estes arbustos; mas os arbustos, se perderam umas
ganharam outras, e nem houve, neste abençoado clima, espaço algum entre a queda
das primeiras e o abrir das últimas. Só em mim, ilusões e esperanças que me
caíram uma vez, não me renasceram mais, e eu fiquei, como tronco árido e seco,
chorando o que fui, chorando o que sou, chorando o que hei de ser.
Personagem 3:
[Muda-se totalmente o que está se passando, não há
a inversão para a cena do circulo na grama. O que está belo com a cena da
personagem 2, passa às trevas com a personagem 3]
[Sua maquiagem está pesada e borrada, como se
tivesse profundas olheiras, fala com ar de loucura]
- Mas o que dói é esta alegria
universal, esta placidez com que a natureza vem assistir à minha morte, garrida
e alegre como se fora um espetáculo. Ó mãe cruel, que não honras a morte de
teus filhos com uma lágrima de dor e um suspiro de mágoa... Parece que te apraz
criá-los para matá-los, produzi-los com uma ilusão, absorvê-los com um
desengano, verdadeira condenação dos que não aguardavam esse desengano e
acreditaram nessa ilusão...
- Também eu te mereci esta ironia?
também. Que outro absorveu mais essa ilusão do que eu? Que outro sorriu mais à
idéia do desengano do que eu? Tens direito, ó natureza, a vestires hoje as tuas
melhores galas para assistir, não a morte da alma, essa já morreu, mas a do
corpo, que se vai finar miseravelmente como um inseto pisado pela dama
distraída.
[Apenas no final de seu delírio, se junta aos
demais no círculo na grama]
Personagem4:
[Se senta na grama ao lado dos outros personagens, observa a paisagem
com ar de dúvida]
[Começa remexendo um baú velho. Encontra fotos antigas e se lembra de
seu passado]
- Hoje de manhã acusava a natureza por vir garrida e alegre
assistir talvez ao meu último dia. Como estava o meu coração! A dor desvaira e
eu não sei o que penso nem o que digo. Mas a verdade é uma; a verdade é esta
grande verdade. Ó infinito, é enfim para ti que eu vou, como gota de água
desviada que se recolhe ao oceano! Disse há pouco para consolar minha mãe, mas
disse o que realmente é: a morte é livramento, não é aniquilamento. Sinto que
há dentro de mim uma coisa que anseia por livrar-se desta prisão para lançar-se
na eternidade e no infinito. Grande, suave, consoladora esperança!
Personagem
5:
[Se
junta ao circulo na grama]
- Sem ti, que fora o passamento senão a maior dor e o maior
suplício? Mas, deixar o mundo com a esperança de que aos olhos mortais se abre
mundo novo, tão outro que não este mundo em que a virtude resplandecerá e a paz
eterna compensará as atribulações da vida.
[Põe as
fotos sobre o peito]
- Deixarei saudades? Deixo; mas o tempo as consolará, e a
esperança de que dia surgirá em que o consórcio moral das criaturas se
realizará ante o trono de Deus, deve ser a grande esperança dos que ficam e dos
que vão.
[Cartas
feitas pelo personagem 6 são entregues e lidas pela personagem 5, que, tempos
depois, passa com semblante triste na frente do personagem 4, que se pergunta o
porquê da tristeza da moça.]
Personagem 6:
[Se
junta aos demais no circulo formado na grama]
[O
personagem escreve em seu caderno desesperadamente]
- Sinto que algum segredo existe no
fundo daquela tristeza da moça... A suspeita dá-me no espírito mil ideias
negras que foram outros tantos demônios que fazem deste dia um inferno...
[Limpa os óculos e enxuga os olhos]
- E venho escrever versos! Triste
consolação dos que a natureza dotou com o gênio da poesia. No fim de uma hora
de trabalho em que as estrofes me caem da caneta como lágrimas de dor e de
saudade, tinha transferido parte de minha alma para o papel. Estava mais calmo,
sem estar menos triste.
[Arranca algumas folhas de caderno e cobre/apaga
alguns versos que escrevera]
- Tenho necessidade de escrever. Quero derramar a minha última
gota de poesia no papel, e deixar ao mundo ao menos uma lembrança de que fui
mártir e poeta. Será este o canto do cisne.
***************
[Uma
carta com o escrito “Nosso amor é impossível” chega ao centro do círculo na
grama. Haverá zoom na carta e, na volta, todos os personagens estarão assumindo
a postura realística de cada ator e cantando/tocando uma música.]
FIM
Na obra
original, os personagens são: O POETA, MÃE, DOUTOR, CARLOTA, POETA2 E TIO. Mas,
como este roteiro é uma adaptação em forma de monólogos narrados de partes
separadas do conto, não há distinção de nome de cada personagem.
Música
à decidir.
Roteiro
adaptado à realidade
COMPONENTES:
Gabriel Barros, Matheus Weslley, Wiliane Oliveira, Pedro Antonio, Leticia
Oliveira e Millena Dourado. 2°A MATUTINO
Ótima escolha de conto, porém a exploração do diálogo ao invés da cópia maciça do mesmo melhoraria bastante o contexto do roteiro. Caracterizações como entonação de voz, atitude corporal e cenário também contribuiriam para a melhoria.
ResponderExcluir- Rawanna Cavalcante 2º B Matutino :*
Adorei o conto,o contexto ficou ótimo,e através das adaptações o trabalho cresceu,Enfim essa obra de Machado de Assis esta eternamente conectada a arte de falar e pensar e este é o objetivo da analise deste conto e através deste roteiro ficou excelente.
ResponderExcluirBianca Franco 2 A Matutino
Adorei este conto,as adaptações ficou otim cresceu mais o trabalho,Enfim o ultimo dia de um poeta de Machado de Assis ele esta eternamente conectado a arte de falar e pensar e este é o objetivo da analise deste conto e vocês conseguiram fazer um excelente roteiro.
ResponderExcluirBianca Franco 2 A Matutino*
Bom eu gostei muito do Roteiro as adaptações feitas cresceu mas o trabalho.Esse conto de Machado de Assis ele esta eternamente conectado a arte de falar e pensar e esse é o seu objetivo,o contexto ficou em ordem achei excelente.
ResponderExcluirBianca Franco 2 A Matutino*
Legal, gostei da ideia do cenário. Mas concordo que o diálogo foi bastante explorado... Me fez lembrar da 2ª geração do Romantismo (Mal-do-século), onde a vida dos autores era marcada por extrema melancolia.
ResponderExcluirMirella Costa 2º B Matutino
O roteiro foi muito bem escrito! Adorei! Parabéns à equipe!
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