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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O Último Dia de Um Poeta - 2º A Mat.

O último dia de um poeta – Machado de Assis
[A cena inicia-se com um personagem sentando-se na grama, com o rosto virado para o céu e apreciando a paisagem.] ////Fade out////
[O personagem 1 abre a janela]
 Personagem1:

    - São nove horas da manhã.

    - Entra-me o sol vivo e ardente pelas frestas das venezianas. Parece que me convida a deixar o leito, e como que a reviver. Reviver! é esta a palavra: reviver quando estou certo de que poucos dias ou apenas horas me separam da sepultura. Não parece um escárnio da morte? Não parece que para melhor sentir o que vou perder, deixando a vida, quer a morte que eu toque pela última vez os tesouros da felicidade que me ficam na terra?

[Anda de bicicleta por uma parte da cidade]

   - Melhor fora, decerto, para minha perfeita contrição, que a natureza me surgisse nos últimos dias com o seu aspecto mais sombrio e aflitivo. Então cuidaria, ao sair do mundo, que deixava um pesadelo e uma angústia, e que ia respirar os ares puros de uma vida sem igual.

[Percebe que está delirando, debruçado na janela. Cai na realidade.]

   - Depois...
[Fecha-se a janela do quarto novamente]

Personagem2:
[Se junta na grama ao personagem 1, também observando a paisagem]
[Este personagem está em seu jardim, onde aprecia de perto a natureza e é tomado pelas memórias de seu passado. Caminha pelo jardim, percebendo cada planta, cada canto de pássaro, cada cheiro...]
          - A verdura, a água, a árvore, a flor, tudo me lembra a dita do tempo em que sem cuidados nem remorsos eu só cuidava em ser feliz e amar os meus.

         - Aonde foi agora esse tempo? Passou como passaram as folhas de todos estes arbustos; mas os arbustos, se perderam umas ganharam outras, e nem houve, neste abençoado clima, espaço algum entre a queda das primeiras e o abrir das últimas. Só em mim, ilusões e esperanças que me caíram uma vez, não me renasceram mais, e eu fiquei, como tronco árido e seco, chorando o que fui, chorando o que sou, chorando o que hei de ser.







Personagem 3:

[Muda-se totalmente o que está se passando, não há a inversão para a cena do circulo na grama. O que está belo com a cena da personagem 2, passa às trevas com a personagem 3]

[Sua maquiagem está pesada e borrada, como se tivesse profundas olheiras, fala com ar de loucura]

        -          Mas o que dói é esta alegria universal, esta placidez com que a natureza vem assistir à minha morte, garrida e alegre como se fora um espetáculo. Ó mãe cruel, que não honras a morte de teus filhos com uma lágrima de dor e um suspiro de mágoa... Parece que te apraz criá-los para matá-los, produzi-los com uma ilusão, absorvê-los com um desengano, verdadeira condenação dos que não aguardavam esse desengano e acreditaram nessa ilusão...

- Também eu te mereci esta ironia? também. Que outro absorveu mais essa ilusão do que eu? Que outro sorriu mais à idéia do desengano do que eu? Tens direito, ó natureza, a vestires hoje as tuas melhores galas para assistir, não a morte da alma, essa já morreu, mas a do corpo, que se vai finar miseravelmente como um inseto pisado pela dama distraída.

[Apenas no final de seu delírio, se junta aos demais no círculo na grama]

Personagem4:

[Se senta na grama ao lado dos outros personagens, observa a paisagem com ar de dúvida]
[Começa remexendo um baú velho. Encontra fotos antigas e se lembra de seu passado]

- Hoje de manhã acusava a natureza por vir garrida e alegre assistir talvez ao meu último dia. Como estava o meu coração! A dor desvaira e eu não sei o que penso nem o que digo. Mas a verdade é uma; a verdade é esta grande verdade. Ó infinito, é enfim para ti que eu vou, como gota de água desviada que se recolhe ao oceano! Disse há pouco para consolar minha mãe, mas disse o que realmente é: a morte é livramento, não é aniquilamento. Sinto que há dentro de mim uma coisa que anseia por livrar-se desta prisão para lançar-se na eternidade e no infinito. Grande, suave, consoladora esperança!


Personagem 5:
[Se junta ao circulo na grama]

- Sem ti, que fora o passamento senão a maior dor e o maior suplício? Mas, deixar o mundo com a esperança de que aos olhos mortais se abre mundo novo, tão outro que não este mundo em que a virtude resplandecerá e a paz eterna compensará as atribulações da vida.
[Põe as fotos sobre o peito]
- Deixarei saudades? Deixo; mas o tempo as consolará, e a esperança de que dia surgirá em que o consórcio moral das criaturas se realizará ante o trono de Deus, deve ser a grande esperança dos que ficam e dos que vão.

[Cartas feitas pelo personagem 6 são entregues e lidas pela personagem 5, que, tempos depois, passa com semblante triste na frente do personagem 4, que se pergunta o porquê da tristeza da moça.]
Personagem 6:
[Se junta aos demais no circulo formado na grama]
 [O personagem escreve em seu caderno desesperadamente]
- Sinto que algum segredo existe no fundo daquela tristeza da moça... A suspeita dá-me no espírito mil ideias negras que foram outros tantos demônios que fazem deste dia um inferno... 
[Limpa os óculos e enxuga os olhos]
- E venho escrever versos! Triste consolação dos que a natureza dotou com o gênio da poesia. No fim de uma hora de trabalho em que as estrofes me caem da caneta como lágrimas de dor e de saudade, tinha transferido parte de minha alma para o papel. Estava mais calmo, sem estar menos triste.

[Arranca algumas folhas de caderno e cobre/apaga alguns versos que escrevera]

- Tenho necessidade de escrever. Quero derramar a minha última gota de poesia no papel, e deixar ao mundo ao menos uma lembrança de que fui mártir e poeta. Será este o canto do cisne.



                                ***************

[Uma carta com o escrito “Nosso amor é impossível” chega ao centro do círculo na grama. Haverá zoom na carta e, na volta, todos os personagens estarão assumindo a postura realística de cada ator e cantando/tocando uma música.]



                                                       FIM

Na obra original, os personagens são: O POETA, MÃE, DOUTOR, CARLOTA, POETA2 E TIO. Mas, como este roteiro é uma adaptação em forma de monólogos narrados de partes separadas do conto, não há distinção de nome de cada personagem.

Música à decidir.
           
Roteiro adaptado à realidade


COMPONENTES: Gabriel Barros, Matheus Weslley, Wiliane Oliveira, Pedro Antonio, Leticia Oliveira e Millena Dourado. 2°A MATUTINO

6 comentários:

  1. Ótima escolha de conto, porém a exploração do diálogo ao invés da cópia maciça do mesmo melhoraria bastante o contexto do roteiro. Caracterizações como entonação de voz, atitude corporal e cenário também contribuiriam para a melhoria.
    - Rawanna Cavalcante 2º B Matutino :*

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  2. Adorei o conto,o contexto ficou ótimo,e através das adaptações o trabalho cresceu,Enfim essa obra de Machado de Assis esta eternamente conectada a arte de falar e pensar e este é o objetivo da analise deste conto e através deste roteiro ficou excelente.
    Bianca Franco 2 A Matutino

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  3. Adorei este conto,as adaptações ficou otim cresceu mais o trabalho,Enfim o ultimo dia de um poeta de Machado de Assis ele esta eternamente conectado a arte de falar e pensar e este é o objetivo da analise deste conto e vocês conseguiram fazer um excelente roteiro.
    Bianca Franco 2 A Matutino*

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  4. Bom eu gostei muito do Roteiro as adaptações feitas cresceu mas o trabalho.Esse conto de Machado de Assis ele esta eternamente conectado a arte de falar e pensar e esse é o seu objetivo,o contexto ficou em ordem achei excelente.
    Bianca Franco 2 A Matutino*

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  5. Legal, gostei da ideia do cenário. Mas concordo que o diálogo foi bastante explorado... Me fez lembrar da 2ª geração do Romantismo (Mal-do-século), onde a vida dos autores era marcada por extrema melancolia.
    Mirella Costa 2º B Matutino

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  6. O roteiro foi muito bem escrito! Adorei! Parabéns à equipe!

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