Esta é uma adaptação do conto de Machado
de Assis que retrata um diálogo entre pai e filho ocorrido à noite após um
jantar em família, que comemorava os 21 anos do filho. Com muita ironia, a
teoria do medalhão é um ofício uma posição social na qual o filho deve-se
encaixar na sociedade para que seja notável.
Fizemos uma adaptação do conto para que
se encaixasse com os componentes do grupo passando os personagens do masculino
para o feminino sem alterar o contexto do conto e mantendo as falas mais
importantes
Teoria
do Medalhão
(Roteiro)
Personagens :
Mãe
Filha
Mãe
e filha estão sentadas na mesa enquanto o ultimo convidado sai da mesa.
Mãe:
A
filha levanta-se abre a janela, olha para o relógio no pulso e responde à
pergunta da mãe.
Filha:
Mãe:
(A filha ainda em pé fecha a porta e senta-se à
mesa para ouvir o que a mãe tem a dizer.)
—...Vinte e um anos e algumas apólices, um diploma,
podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na industria,
no comercio, nas letras ou nas artes. Mas qualquer que seja a profissão da tua escola, o meu desejo é que
te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável.
A filha responde atenta aos ensinamentos da
mãe
Filha:
Mãe:
— Entretanto,
assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa
prática social acautelar um ofício
Confusa a filha pergunta
Filha:
Mãe:
—
Nenhum me parece mais útil e
cabido que o de medalhão. Geralmente o verdadeiro medalhão começa a
manifestar-se entre os quarenta e cinco anos. Entretanto venhamos ao principal.
Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas idéias que houveres de
nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente,a
exemplo, um ator defraudado do uso de um braço. Ele pode, por um milagre de
artifício, dissimular o defeito aos olhos da platéia. O mesmo se dá com as
idéias, pode-se, abafá-las, mas nem essa habilidade é comum, nem tão constante
esforço conviria ao exercício da vida.
Filha:
A
mãe começa a falar agora expressando-se com as mãos.
Mãe:
—
Tu, minha filha, se me não engano, pareces dotada da perfeita inópia mental.
Refiro-me ao gesto correto e perfilado com que usas expender francamente as
tuas simpatias ou antipatias. As idéias são de sua natureza espontâneas e
súbitas; por mais que as sofreemos, elas irrompem e precipitam-se. Isso
distingue o medalhão completo do medalhão incompleto.
Filha:
Mãe:
—
Não digo que não, no bilhar as estatísticas mais escrupulosas mostram que três
quartas partes dos habituados do taco partilham as opiniões do mesmo taco. A
solidão é oficina de idéias, e o espírito deixado a si mesmo, embora no meio da
multidão, pode adquirir uma tal ou qual atividade.
Filha:
Mãe:
—Não faz
mal; Vai à livraria falar do boato do dia, da anedota da semana, de um
contrabando, de uma calúnia, de um cometa, de qualquer coisa, quando
não prefiras interrogar diretamente os leitores habituais. Com este regime
durante suponhamos dois anos, reduzes o intelecto, por mais pródigo que seja, à
sobriedade, à disciplina, ao equilíbrio comum.
A
filha assustada grita
Filha:
Mãe:
—Não
te falei ainda dos benefícios da publicidade. Uma notícia traz outra; cinco,
dez, vinte vezes põe o teu nome ante os olhos do mundo. Os sucessos de certa
ordem, embora de pouca monta, podem ser trazidos a lume, contanto que ponham em
relevo a tua pessoa. Essa é a publicidade constante, barata, fácil, de todos os
dias .
Refletindo
no que a mãe dissera a filha a filha diz
Filha:
Mãe:
— Nem
eu te digo outra coisa. É difícil, come tempo, muito tempo, leva anos,
paciência, trabalho, e felizes os que chegam a entrar na terra prometida! E ser
isso é o principal, porque o adjetivo é a alma do idioma, a sua porção
idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é o naturalismo
do vocabulário.
Filha:
Mãe:
Filha:
Mãe:
—Nem
política. Toda a questão é não infringir as regras e obrigações capitais. Podes
pertencer a qualquer partido, liberal ou conservador, republicano ou
ultramontano, com a cláusula única de não ligar nenhuma idéia especial a esses
vocábulos.
Filha:
Mãe:
—Podes e
deves; é um modo de convocar a atenção pública. Adota a
metafísica é mais fácil e mais atraente. Nesse ramo dos
conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado; é só
prover os alforjes da memória.
Filha:
Mãe:
Filha:
Mãe:
— Entendamo-nos:
no papel e na língua alguma, na realidade nada. "Filosofia da
história", por exemplo, é uma locução que deves empregar com freqüência.
Mas foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade, etc, etc.
Filha:
Mãe:
Filha:
Mãe:
— Conforme. Tens
um gênio folgazão, prazenteiro, não hás de sofreá-lo nem eliminá-lo. Medalhão
não quer dizer melancólico.
A filha acena
com a cabeça como se dissesse um “sim”
Mãe:
— Somente não
deves empregar a ironia, esse movimento ao canto da boca, cheio de mistérios.
Usa a chalaça, faz pular o sangue nas veias, e arrebentar de riso os
suspensórios. Usa a chalaça. Que é isto?
O
relógio apita e a mãe se distraiu do assunto enquanto isso. A filha responde à
pergunta da mãe.
Filha:
Mãe:
— Meia-noite?
Entras nos teus vinte e dois anos, minha peralta; estás definitivamente maior.
Vamos dormir, que é tarde. Rumina bem o que te disse, minha filha. Vamos
dormir.
Alunas: Jéssica Cardoso
Fernanda Ferreira
Jadcleia Souza
Saeny Dantas
Jannair Maíra
Railane Santos
Fernanda Ferreira
Jadcleia Souza
Saeny Dantas
Jannair Maíra
Railane Santos
O roteiro ficou bom, foram descritos detalhes minuciosos. A idéia de adaptar para os componentes do grupo foi uma ótima escolha, mas faltou um ar de modernidade para que o texto se encaixasse na atualidade, pois quando Machado de Assis o escreveu as mulheres não tinham toda essa autonomia para com a sociedade.
ResponderExcluirExatamente isso que pensei também!
ExcluirAchei interessante esse roteiro pois lembrou-me uma conversa cotidiana que uma mãe teria com sua filha nos dias de hoje, porém, usando algumas palavras e expressões mais antiquadas, que são características da época em que o conto foi feito.
ResponderExcluirTambém gosto do fato de trazer, em seu discurso, referências à metafísica e a filosofia.
Obrigada pelos comentários , com certeza servirão para uma melhor adaptação do roteiro ;) #Jannair Maíra
ResponderExcluirGostei do roteiro é legal, a historia é interessante, desse dialogo da mãe aconselhando a filha pra uma "outra" vida e gostaria de ver como ficaria o filme com essa adaptação dos componentes - Maria Janaina 2º C Matutino
ResponderExcluirGostei do roteiro achei que foi bem elaborado. A conversa foi bem descrita, de forma que se entenda a ideia do texto, porém o vocabulário mais antiquado é o que torna o texto diferente e interessante .A adaptação dos personagens também ficou muito legal..
ResponderExcluirConcordo com a fala de Bruno. Foi bem interessante pensar na adaptação levando em consideração as componentes da equipe, mas ao fazer isso, faltou questionar na posição da mulher naquela época e colocar isso na adaptação também. Vocês apenas trocaram o nome "pai" por "mãe" e "filho" por "filha", ou seja, vocês apenas modificaram um nome, não adaptaram o conto.
ResponderExcluirOutra coisa: poderiam ter trazido a linguagem para uma estrutura mais atual, já que se tratam de conselhos e servem para vocês adolescentes também! A linguagem mais antiga fecha um pouco a aceitação e compreensão.
Vamos acompanhar o vídeo...